Após a tragédia que se abateu sobre seu antigo lar, Lin se dirigiu para o reino de Calnat. Como viviam completamente isolados do resto do mundo, pensando que assim estavam protegendo melhor as reencarnações de Agnecia, o povo do pequeno vilarejo de Gaon não sabia que Calnat há muito havia sido destruído como resultado da Guerra Mágica entre Ernas e Elyos. Tudo o que haviam ensinado para a jovem sacerdotisa é que em Calnat se encontrava a Civilização Celeste, a mais avançada de todas, e que em caso de emergência, lá Lin poderia encontrar ajuda.

Contudo, o caminho para Calnat era longo e perigoso, e os Sacerdotes Malignos continuavam em seu encalço. Pela primeira vez em sua vida, Lin estava completamente sozinha, sem ninguém para lhe dizer o que fazer. Por toda a sua vida ela havia sido cuidada, protegida e vigiada, sempre obedecendo às ordens dos sacerdotes de Agnecia, sempre se esforçando para seguir seus conselhos, sempre... aprisionada?

 

Sim. Lin pensara daquela forma algumas vezes, quando sonhava com o vento e com a liberdade. Poder fazer o que bem quisesse, sem ninguém a guardando e vigiando 24 horas por dia. Quantas vezes Lin não havia desejado ser livre e poder conhecer o resto do mundo? Mas não assim! Não era isso o que ela queria! Lin nunca quis que ninguém se machucasse, nunca desejou o mal a ninguém. Ela nunca havia sido desobediente, sempre boazinha, sempre precisando atender a todas as expectativas que eles exigiam dela, sempre se esforçando tanto...

 

Será que aquilo tudo havia sido sua culpa? Todos os seus amigos, seus companheiros, conhecidos... mortos por causa de um desejo secreto? Um desejo egoísta? Teria o espírito de Agnecia que ela carregava em seu interior atendido ao seu desejo, e ao mesmo tempo a punido daquela forma? Não... ela havia aprendido que Agnecia era a deusa da vida e da pureza, portanto nunca faria uma coisa dessa natureza. Faria? De toda a forma, no fim das contas a culpa devia ser sua mesmo. Se Lin não fosse a reencarnação da deusa, as forças das trevas nunca teriam atacado seu vilarejo e os outros ainda estariam vivos.

 

Eram essas as terríveis dúvidas que atormentavam a pobre e traumatizada Lin enquanto ela tentava encontrar o caminho até Calnat. Carregada com o peso da culpa, cheia de raiva e tristeza, algo finalmente despertou dentro da garota. Algo sombrio e perigoso, que sussurrava seu nome, prometendo vingança e poder. Sentindo as trevas crescendo em seu coração, Lin decidiu rezar para Agnecia e aparentemente foi ouvida. Um outro lado de si mesma também pareceu ter acordado e Lin pela primeira vez sentiu esperança, enquanto sentia que suas habilidades poderiam se tornar mais fortes.

 

Com dois lados em conflito em seu interior, Lin percebeu que agora ela não era mais a garotinha feliz e inocente de antes. Ela era a Despertada, e diante de si se encontrava um grande dilema: deveria ela continuar trilhando o doloroso, mas esperançoso caminho da luz, ou deveria se entregar à força e ao poder das trevas, para vingar todos os seus conhecidos?